Biologia Quântica: Como este estudo pode desenvolver novas soluções para tratamentos.
A fototerapia, prática terapêutica ancestral baseada na exposição à luz, tem evoluído significativamente ao longo do tempo, incorporando avanços científicos e tecnológicos. Desde os primórdios da helioterapia, com Hipócrates na Grécia Antiga, até a descoberta do laser em 1960 pelo físico Theodore Harold Maiman, a luz tem desempenhado um papel crucial na medicina moderna.
A laserterapia de baixa potência, inicialmente explorada pelo médico húngaro Endre Mester em 1967, revelou surpreendentes benefícios biológicos, impulsionando o campo da bioestimulação. Com o tempo, a fotobiomodulação (FBM) e a terapia fotodinâmica (TFD) emergiram como soluções inovadoras para uma variedade de condições médicas.
A TFD, que utiliza substâncias fotossensibilizantes ativadas por luz, alcançou notável sucesso. Em 2023, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias recomendou sua inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar câncer de pele. Essa inovação brasileira representa um marco global.
No entanto, a falta de regulamentação específica dificulta a avaliação precisa da eficácia e segurança dessas terapias. Essa lacuna destaca a necessidade urgente de compreensão mais profunda e regulamentação adequada.
A inserção da Biologia Quântica nesse contexto é promissora. Estudando os efeitos atômicos em sistemas biológicos, a Biologia Quântica, liderada por pesquisadores como Clarice D. Aiello, da Universidade da Califórnia, explora fenômenos quânticos para desvendar os mecanismos subjacentes à FBM e TFD.
A biologia quântica não se limita à saúde, podendo revolucionar várias áreas, como a navegação inspirada pela magnetorecepção de aves. A detecção do campo magnético terrestre por meio de propriedades quânticas dos átomos pode influenciar tecnologias de navegação.
Apesar do ceticismo, a Biologia Quântica vem ganhando destaque globalmente. A Comunidade Quantum Bio Brasil, liderada por Clarice D. Aiello e Marcelo Pires, reúne pesquisadores e estudantes, promovendo colaboração e conhecimento. Institutos como o recém-criado Instituto de Ciências da Vida Quântica no Japão demonstram a crescente interdisciplinaridade no campo.
O Brasil, com uma comunidade de biologia quântica em expansão e pesquisadores relevantes internacionalmente, está posicionado para se destacar. O investimento governamental e da indústria é crucial para impulsionar o país nessa jornada de inovação científica e tecnológica.
Sobre a Comunidade de Biologia Quântica
A Comunidade Biologia Quântica Brasil busca integrar conhecimentos científicos para entender e contribuir para o desenvolvimento da biologia quântica no Brasil e no mundo. Para participar, envie um e-mail para quantumbio@cienciapioneira.org.
Autores:
Marcelo Sousa
Marcelo Sousa é mestre e doutor em física pela Universidade de São Paulo , com doutorado sanduíche em Harvard. Professor da UFC e pesquisador do IDOR, é fundador da startup brasileira Bright, que utiliza fotobiomodulação para tratamento de dores crônicas. Marcelo é um grande entusiasta da Biologia Quântica e utiliza seus fundamentos para compreender a interação entre luz e matéria biológica.
Matheus Araña
Matheus Araña é graduado em física pela UFSCar e atualmente está concluindo sua formação com doutorado na École polytechnique de Paris. Como pesquisador associado do IDOR, e tendo passado por laboratórios do InCor e Institut Pasteur, Matheus estuda propriedades mecânicas que influenciam na diferenciação celular. Para isso, utiliza microscopia avançada que se beneficia das propriedades quânticas não lineares da luz.