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Nova fronteira de inovação da América Latina: Deep Techs

Mapa com lápis apontando para a América Latina

A inovação baseada em ciência nunca esteve tão no centro das transformações globais. Na América Latina, esse movimento se manifesta através das startups deep tech — negócios que exploram avanços científicos e de engenharia com potencial de impacto em nível global. Com mais de 1.200 deep techs mapeadas, a região emerge como uma nova fronteira da inovação mundial, apoiada em um ecossistema em rápido amadurecimento.

Essas startups têm capacidade de transformar desafios históricos da região — como segurança alimentar, conservação ambiental e acesso universal à saúde — em soluções com grande valor de mercado. O continente oferece uma combinação única de ciência de excelência, biodiversidade riquíssima e setores econômicos tradicionais, como o agronegócio e a energia, que exigem inovação para garantir competitividade sustentável.

Deep techs: inovação de fronteira para problemas globais

Segundo o artigo Deep Tech: o que é, como funciona e por que o Brasil se destaca nessa fronteira da inovação, publicado no blog da Emerge, deep techs são startups que nascem a partir de descobertas científicas e avanços em engenharia, com alto risco tecnológico e potencial disruptivo. Elas envolvem longos ciclos de PD&I, alta dependência de propriedade intelectual e normalmente enfrentam desafios de financiamento em estágios iniciais devido ao tempo e capital necessários para alcançar o mercado, sendo essencial o apoio de políticas públicas e fundos especializados para viabilizar seu crescimento.

As deep techs têm como missão resolver problemas estruturais e sistêmicos, como mudanças climáticas, saúde global, segurança alimentar e novas formas de energia. A definição usada no Relatório Deep Techs Brasil 2024 destaca que elas “possuem – ou já superaram – riscos de desenvolvimento e têm grande potencial de liderar mudanças, estabelecer novas indústrias e reinventar as atuais”. Portanto, essas startups não apenas criam produtos; elas redefinem indústrias inteiras e estabelecem novas bases para a economia global.

Essas startups diferenciam-se das techs tradicionais por seu grau de complexidade técnica, tempo de maturação e impacto. São, portanto, pilares essenciais para a próxima onda de inovação, contribuindo para um mundo mais sustentável, resiliente e tecnologicamente avançado.

Deep Techs: a próxima fronteira da inovação global

A relevância econômica das deep techs se reflete também nos investimentos internacionais. Dados recentes indicam que os Estados Unidos lideram com aproximadamente US$ 32 bilhões investidos em deep techs, seguidos pela União Europeia com US$ 18 bilhões e pela China com US$ 12,4 bilhões. Enquanto isso, a América Latina ainda apresenta um volume relativamente modesto, com US$ 172 milhões investidos em 2022. Contudo, a projeção para 2032 é animadora: espera-se um aumento para US$ 3,4 bilhões, representando um crescimento de mais de 20 vezes em apenas uma década.

Mapa mundial destacando o volume de investimentos em startups deep tech por região. Estados Unidos com US$ 32 bilhões, União Europeia com US$ 18 bilhões, China com US$ 12,4 bilhões e América Latina com US$ 172 milhões em 2022, projetada para US$ 3,4 bilhões em 2032. Fonte dos dados: Boston Consulting Group (BCG) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Segundo o relatório Deep Tech: The New Wave, esse crescimento será impulsionado por três forças principais: (1) o fortalecimento das capacidades científicas da região, (2) o desenvolvimento de mecanismos públicos e privados de financiamento para inovação de base científica e (3) a pressão crescente por soluções tecnológicas diante de crises globais como mudanças climáticas, insegurança alimentar e escassez energética. O relatório reforça ainda que deep techs têm se consolidado como ferramentas estratégicas para a reindustrialização inteligente e sustentável de economias emergentes.

Esses dados colocam em perspectiva o papel que a América Latina pode desempenhar na nova divisão internacional da inovação. A região tem a chance de assumir uma posição de destaque como produtora de tecnologias originais e essenciais para o século XXI. A construção dessa liderança passa obrigatoriamente por um ecossistema deep tech robusto, bem articulado e internacionalizado.

Startups deep techs não criam apenas aplicativos ou plataformas digitais. Elas desenvolvem vacinas de última geração, novos alimentos funcionais, reatores nucleares compactos, baterias de alta densidade energética, chips revolucionários e materiais inteligentes. Isso cria barreiras tecnológicas sólidas, menos suscetíveis à cópia e mais relevantes para desafios estruturais, posicionando essas startups como alicerces para economias nacionais e mercados globais.

Deep Techs na América Latina

Na América Latina, o avanço das deep techs se dá por meio da articulação entre ciência, mercado e governo. O continente possui mais de 1.200 startups deep techs, lideradas pelo Brasil, seguido de Argentina, Chile e Costa Rica. A região se destaca pela combinação de biodiversidade, base científica sólida e demandas urgentes em áreas como saúde, agro, energia e sustentabilidade.

O aumento de programas de fomento, redes de inovação, centros tecnológicos e spin-offs acadêmicos têm acelerado a consolidação do ecossistema. As soluções desenvolvidas estão cada vez mais alinhadas às necessidades globais, o que posiciona a América Latina como um player estratégico no cenário internacional.

O Brasil como destaque na América Latina

O Brasil lidera a América Latina com 875 deep techs, representando 70% do total regional. O país se beneficia de universidades de excelência, como USP, UNICAMP, UFRJ, e políticas públicas consistentes, como PIPE-FAPESP, FINEP e EMBRAPII. Essas iniciativas facilitam a transição de pesquisa científica para aplicações de mercado.

O ecossistema brasileiro se destaca em biotecnologia aplicada à saúde e ao agronegócio, que representam cerca de 50% das deep techs mapeadas. São Paulo concentra 55% dessas startups. Apesar de desafios como burocracia e acesso a capital privado, o Brasil possui as condições para consolidar um polo soberano de deep techs.

O ecossistema da América Latina

O ecossistema de deep techs na América Latina está cada vez mais consolidado em torno de três pilares principais: universidades de excelência, agências de fomento e investidores que começam a reconhecer o potencial das tecnologias de base científica. Instituições como USP, UNICAMP, UFRJ, ITA e UFRGS no Brasil; Universidad de Buenos Aires na Argentina; e Universidad de Chile têm contribuído decisivamente para a produção científica que dá origem a novas tecnologias com vocação empreendedora.

Além das universidades, há um ecossistema de fomento robusto e crescente, que inclui órgãos e programas que têm cumprido um papel vital ao financiar etapas de alto risco tecnológico — especialmente nos níveis de maturidade tecnológica (TRL) de 3 a 6, onde o capital privado ainda hesita em investir.

No campo dos investidores, embora ainda sejam poucos os fundos especializados em deep tech na América Latina, iniciativas como a Suzano Ventures e fundos com tese científica têm crescido. Esse movimento é crucial para ampliar a oferta de capital paciente e inteligente — o chamado smart money — que acompanha as etapas longas e complexas de desenvolvimento das deep techs, agregando valor técnico e acesso ao mercado.

Distribuição das Deep Techs na América Latina

O Brasil é o maior polo da região, seguido por Argentina e Chile. Enquanto o Brasil se destaca em biotecnologia e saúde, a Argentina concentra-se em spacetech e biotecnologia alimentar. O Chile apresenta hubs de inovação em alimentos plant-based e inteligência artificial aplicada ao agronegócio. A Costa Rica surge como referência em tecnologias ambientais.

Essa distribuição evidencia a heterogeneidade de vocações tecnológicas da região, criando oportunidades para parcerias transnacionais, especialização produtiva e consolidação de hubs interconectados de inovação profunda na América Latina.

Setores que mais concentram Deep Techs na LATAM

Os dados do Relatório Deep Techs Brasil 2024 apontam a saúde humana e farmacêutica como líder, com 243 startups. Em seguida, agronegócio e saúde animal contam com 202 startups. Outros setores relevantes incluem energia, alimentos e bebidas, sustentabilidade ambiental, cosméticos, materiais avançados e spacetech.

Gráfico de barras mostrando o número de startups deep techs no Brasil por setor em 2024: saúde humana e farmacêutico (243), agronegócio e saúde animal (202), química e materiais (71), alimentos (58), sustentabilidade (56), energia (55), cosméticos (53), outros (50), aeroespacial (36), logística (35), indústria (24). Fonte: Emerge Brasil.

A diversidade de aplicações reforça a versatilidade das deep techs na solução de problemas complexos e sua capacidade de gerar impacto em múltiplas indústrias, inclusive em segmentos ainda pouco explorados.

Potencial de crescimento das Deep Techs na LATAM

A América Latina reúne vantagens únicas: ciência de qualidade, 20% da biodiversidade mundial, matriz energética limpa e centros de pesquisa consolidados. O investimento em deep techs cresceu 44 vezes entre 2020 e 2022. Com o fortalecimento de políticas públicas e maior conexão internacional, o crescimento tende a se acelerar.

Desafios incluem ampliar o suporte à transição tecnológica, apoiar spin-offs acadêmicos e atrair investidores internacionais. O ecossistema latino-americano tem todas as condições para se tornar referência global em deep techs.

A América Latina tem a oportunidade de se tornar protagonista na economia da inovação científica. Ciência de ponta, recursos naturais e um ecossistema cada vez mais articulado colocam a região em posição estratégica para gerar impacto global.

O desafio está em escalar: transformar ciência em negócios, formar talentos e desenvolver políticas públicas de longo prazo para apoiar inovação disruptiva. O futuro da inovação passa pela ciência — e a América Latina está pronta para assumir a liderança.

Para explorar mais sobre o assunto, acesse:

Relatório Deep Techs Brasil 2024
Deep Tech: o que é e por que o Brasil se destaca

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