Antes de falarmos sobre o valor econômico e utilitarista, precisamos nos definir o que é biodiversidade e sua importância. Mais do que um banco genético ou uma lista de espécies, biodiversidade é a expressão da vida em sua plenitude — dos genes aos ecossistemas, dos microrganismos invisíveis às florestas amazônicas. É a base do equilíbrio ecológico, da cultura dos povos e da própria existência humana.
O valor dos serviços ecossistêmicos
Um dos pilares mais tangíveis desse valor está nos serviços ecossistêmicos. No Brasil, estima-se que esses serviços – como a polinização, regulação do clima, purificação da água e fertilidade do solo – gerem um valor econômico de mais de R$ 2 trilhões por ano, segundo estudos do Ministério do Meio Ambiente e da TEEB (The Economics of Ecosystems and Biodiversity).
Há também um valor ético inegociável em manter a vida na Terra: o direito intrínseco de todas as espécies existirem, o bem-estar psicológico que temos ao contemplar paisagens naturais, o maravilhamento e a inspiração estética e cultural. A conexão com a natureza reduz o estresse, melhora a saúde mental e fortalece vínculos sociais.
Biodiversidade como motor de inovação e desenvolvimento econômico
Além disso, a biodiversidade oferece “produtos” altamente competitivos e diferenciados que podem resolver grandes problemas de mercado e proporcionar desenvolvimento econômico.
Mas, transformar a biodiversidade em ativo econômico requer uma estratégia estruturada e ciência de ponta e interação construtiva com os povos originários e comunidades tradicionais. É necessário identificar espécies com alto potencial e desenvolvê-las em cadeias produtivas sustentáveis. Casos como o açaí, cacau e baunilha mostram como o Brasil pode abastecer mercados globais com produtos de alto valor agregado.
A Vanillab, por exemplo, é uma startup deep tech que cultiva uma nova espécie de baunilha em sistemas agroflorestais e vende para grandes empresas de fragrâncias, mostrando como ciência e natureza podem gerar negócios sustentáveis.
Inovação nas cadeias agroindustriais brasileiras
Além das espécies nativas, também podemos agregar valor às grandes cadeias agroindustriais brasileiras, como soja, café, leite, açúcar e laranja. O whey protein, por exemplo, nasceu como subproduto do leite. Hoje, startups como a BVS Green estão inovando ao transformar resíduos dessas cadeias em insumos verdes, como poliol para a indústria química, reduzindo impacto ambiental e criando novos mercados.
A biodiversidade como biblioteca genética viva
A biodiversidade também pode ser compreendida como uma biblioteca genética viva — uma fonte infinita de dados biológicos que podem ser traduzidos em novos materiais, fármacos e enzimas.
A revolução da IA potencializa essa leitura: o recente Prêmio Nobel de Química foi para cientistas que desenvolveram métodos de descoberta de novas moléculas por inteligência artificial.
No Brasil, a Peptidus é uma startup que combina IA com biodiversidade para desenvolver moléculas terapêuticas de forma rápida, segura e sustentável.
O papel das deep techs na bioeconomia do conhecimento
Esse ciclo só é possível porque: A ciência gera descobertas; A tecnologia as instrumentaliza; A inovação as democratiza e leva impacto para o mundo real. Por isso, as deep techs são tão importantes para destravar a bioeconomia do conhecimento. Elas transformam patrimônio biológico e conhecimento científico em soluções que atendem aos desafios da humanidade e chegam ao mercado.
É por reconhecer esse potencial que a Emerge e a Systemiq uniram forças com a ICC Brasil (Câmara Internacional do Comércio), com o patrocínio de Itaú, Natura, Nestlé e Vale, para desenvolver um relatório estratégico sobre a Bioeconomia do Conhecimento no Brasil. O documento será lançado com foco na COP 30, trazendo diretrizes, casos e oportunidades para que o Brasil lidere uma nova economia baseada em ciência, biodiversidade e inovação.
O futuro da biodiversidade e da inovação no Brasil
O Brasil reúne uma combinação única: a maior biodiversidade do planeta, uma comunidade científica qualificada e cadeias produtivas robustas. Transformar esse potencial em liderança global na bioeconomia depende de políticas públicas integradas, investimentos em ciência e tecnologia, e do fortalecimento do ecossistema de inovação.
As deep techs são o elo que conecta a biodiversidade brasileira às demandas globais por soluções sustentáveis. São elas que traduzem o potencial científico em negócios escaláveis, com impacto positivo em setores como saúde, alimentação e energia.
Startups como Vanillab, BVS Green e Peptidus são exemplos claros de como ciência, tecnologia e biodiversidade podem gerar soluções inovadoras, criando novos mercados e transformando desafios ambientais em oportunidades econômicas.
Se você quer fazer parte desse ecossistema, inscreva-se na Converge, a plataforma da Emerge que conecta startups a grandes empresas, investidores e instituições estratégicas. Assim como essas deep techs brasileiras que já estão transformando o mercado, a sua solução também pode ganhar escala, impacto e relevância global.
Quer saber mais sobre como a ciência e a biodiversidade estão moldando a nova economia? Acompanhe o lançamento do relatório de bioeconomia do conhecimento e participe do Deep Tech Summit, o principal evento de inovação científica da América Latina.